domingo, 25 de abril de 2010

"Superintendência de Polícia Civil da Capital: uma árdua missão"





Superintendência de Polícia Civil da Capital: uma árdua missão*

Não é fácil restabelecer ou romper paradigma de qualquer organização, sobretudo com vista a salvá-la de uma quebra completa ou morte paulatina a luz do cenário construído ao longo desses últimos cinco anos na administração do Órgão Policial Civil do estado do Maranhão. Neste caso, em especial a própria POLICIA CIVIL do Maranhão é um exemplo típico deste contexto em detalhes pormenorizados.

Está ai, a filosofia da “Polícia Comunitária” levada a cabo pela SENASP/MJ para confirmar a assertiva acima, quando, diante de inúmeras resistências, vem sofrendo para com uma implantação plausível e quiçá promissora para todas as organizações policiais no Brasil no futuro próximo, mesmo que pesem sobre ela algumas ideologias incrustadas.

O ambiente de omissão estabelecido, associado aos descasos, abandono, desrespeito a hierarquia e disciplina, em face de clima de suposto terrorismo disciplinar implantado nesses últimos anos, bem como por possíveis conivências para interesses próprios ou de grupo, praticamente levou a Polícia Civil do nosso Maranhão a um índice de reprovação social bastante preocupante. E a culpa? A quem atribuir? Sem deixar de responsabilizar seus últimos gestores maiores diretos pelas omissões, conivências ou falta de habilidade, temos também que incluir os demais escalões superiores interno da força policial civil, assim como, nós mesmos, policiais civis como um todo, que nos omitimos e recuamos sem percebermos que nossa falência geral, tinha e tem nosso dedo de qualquer forma, onde se resultou no atual cenário de verdadeira desorganização social interna e externamente falando, pois se quer é possível se fazer qualquer planejamento para fins de gestão com os dados quantitativos e qualitativos de toda a organização fragilizados como estão, ante as incertezas serem determinantes.

Eis o primeiro passo, acreditamos, para uma renovação concreta, mas diante de um profundo respeito aos direitos de todos os envolvidos na organização policial em apreço.

Criticar colegas que passaram pelo cargo de superintende da capital é além de antiético, desrespeitar suas condições humanas, sobretudo pelas limitações impostas, às vezes, por gestores maiores ao longo das conveniências e “determinações” genéricas, dentre outros fatores que muitos já sabem as raízes.

Não se pode mudar o quadro, senão ouvindo todos os segmentos funcionais para, após criteriosa e impessoal análise, estabelecermos linhas de ação a curto, médio e longo tempo, a fim de alcançarmos metas, cujas conseqüências poderemos modificar o quadro de letargia por que ainda vige toda a atividade de Polícia Judiciária na capital, mesmo diante de algumas dificuldades latentes ou não, ainda presentes. Mas já em vias de mudanças.

O real é que não podemos perder tempo, pois o tempo passa sem pedir permissão para os que dele dependem a vida, sejam lá nós humanos, ou organizações criadas por nós mesmo, a luz de bem vivermos dentro de uma organização maior que é a sociedade em geral.

Claro que ouviremos críticas e resistências nalguns focos, pois fica mais fácil criticar se escondendo nas deficiências estruturais a combatê-las pelo trabalho, rumo a buscarmos por melhorias gerais, mas serão todas trabalhadas de forma que cremos serem cooptadas a se unir em prol de um interesse comum: a reedificação de um órgão que estava a beira de um esfacelamento nunca, talvez, antes visto, pois a vitória final depende da união de todos.

Pelas reuniões já realizadas, assim como resultados de quinze dias após termos assumido a árdua missão de resgatar a auto-estima da força policial civil do Maranhão a partir da Capital, é de se perceber o quanto existem amores à Instituição ainda em estado de latência dentro dos corações de vários servidores policiais civis, independente das classes a que pertençam, já que a Polícia Civil é um corpo só que tem suas partes como com qualquer ser, mas a unidade de animus será a representante da força maior.

Essa é a sensação que temos percebido e ao mesmo tempo, encontrado força para não desistirmos da missão a nós confiada, por convites reiteradamente técnico, de um policial federal que há muito já tinha envolvimento com a família policial civil do Maranhão, e com as policias como um todo, onde, inúmeras operações policiais realizamos, estando o Secretário Aluísio Mendes a frente do integrativo órgão policial aéreo do Maranhão denominado “GTA” na qualidade de mentor de sua criação e coordenador, e nunca negando qualquer disposição para atender pedidos de apoio operacionais as atividades das Policias em todo o Maranhão. Justiça seja feita...

Entendemos possível resgatarmos nosso espaço no contexto social, com apoio incondicional de todos os policiais civis em atividade na capital, assim como da cúpula da Polícia Civil, em especial do experiente Delegado Geral Nordmam Ribeiro. Repito, de forma que manteremos acesa a chama da esperança que dias melhores virão à Policia Civil do Maranhão, sobretudo por entender que, unidos, sem exceções, preconceitos, subestimações ou subjugações que devem inexistir nos íntimos de todos os atores desse órgão, e sob o jugo da proteção de Deus, conseguiremos, como já temos conseguido, reverter o mencionado quadro depressivo e nefasto por que se encontrava esse tão importante órgão policial que à luz do Estado de Direito, torna-se o maior bem de garantias individuais que uma sociedade politicamente organizada, pode ter a seu serviço no contexto de promoção da inevitável Justiça criminal inerente a existência de qualquer sociedade complexa existente na Terra.

Fico com as palavras contidas no refrão do Hino da Policial Civil de lavra do Dr. José Carlos Gomes Freitas, escrito há 28 anos, cujas estrofes, denotam o quanto este homem tinha amor à Instituição, a saber: “Salve a Polícia Civil, salve a Polícia Civil, seu denodo e vocação... Salve a Policia Civil, Salve a Policia Civil, Guardiã do Maranhão...”. O resto é ainda mais belo, é só parar para ouvir.
*Publicado na íntegra pelo Jornal Pequeno de 2/05/2010

Sebastião Uchoa – Orgulhosamente Delegado de Policia Civil do Maranhão foi Delegado Municipal de Pastos Bons, Diretor da Casa de Detenção do então Complexo Penitenciário de Pedrinhas, Delegado Regional de Pinheiro, Supervisor do Centro Integrado Área Leste - CIDS, Superintendente de Policia Civil da Capital, Secretário Adjunto de Administração Penitenciária da então Secretaria de Justiça e Cidadania, passou em várias Delegacias de Policia Civil da Capital como Adjunto, Plantão da Refersa, Diretor da Academia de Policia Integrada de Segurança Pública, e atualmente estar, por novamente convites técnicos, Superintendente de Policia Civil da Capital.