domingo, 24 de outubro de 2010

Cracolândia: um verdadeiro umbral social brasileiro

Cracolândia: um verdadeiro umbral social brasileiro


Tivemos a oportunidade recentemente de visitarmos a estrutura de repressão qualificada usada pela Polícia Civil do estado de São Paulo no combate a diversos crimes, onde vimos duas disciplinas direcionadas às áreas de combate ao tráfico da destruidora droga ilícita à espécie denominada pro “Crack”, bem como aos crimes de homicídios e roubos com resultado morte, assim como divisão de proteção à testemunha, dentre outras atividades presenciais.

Sem dúvida a estrutura policial daquele estado vive num nível de satisfação material até mesmo invejável face às deficiências por que passam as demais Polícias Civis dos estados brasileiros, notadamente nos campos de ensino policial, estruturas físicas e condições básicas de trabalho, ressalvados a questão crucial salarial por ser um dos piores estados que remunera pessimamente aos policiais em geral naquele imenso país, dentro do Brasil, que é o estado de São Paulo.

O mais trágico emocionalmente pelo recheio de indignação fora a visitação que fizemos a localidade denominada “Cracolândia”, após um dia inteiro dentro nas Unidades Policiais da Polícia Civil paulista que laboram na área de combate e prevenção ao tráfico de entorpecentes naquele estado. De forma que, a partir das 20 h, concentram-se seres humanos jogados à míngua da falta de sorte social nos mais diversos níveis de abandono dos poderes públicos dos entes federativos que compõem o Estado de São Paulo, e até mesmo a sociedade civil que passa, ver, mas não sente a profundeza da problemática que é aquilo lá, cujas conseqüências diversas, presenciamos crianças, adolescentes, deficientes físicos, adultos e idosos, sem exceção, envolvidos com cenas de um terrorismo nefasto de anti-sociabilidade, consumindo ao ar livre drogas de todos os tipos, mas, mais especialmente, o denominado derivado de cocaína apelidado por crack a cada esquina que passávamos.

Foram incessantes e infinitos minutos a reflexões numéricas no sentido de se buscar as bases coerentes para tanto descasos com que estávamos vendo em vivíssima realidade nua, fria e crua de um estado repleto de Histórias, histórias e evidentes estórias de sua realidade social. Pena que, praticamente, muitas vezes levadas a um ostracismo nacional ante o imenso continente cultural que é o Brasil.

Em determinado momento, tão logo os “noieiros” (vulgo dado aos viciados pela gíria policial local) se aperceberam que estavam sendo observados, passaram a se aproximar em massa do veículo em que estava a comitiva, de forma que, pela intervenção imediata das equipes do Departamento de Investigações Criminais da Polícia Civil (DENARC) paulistana que nos acompanhavam, puderam realizar uma dispersão da turba que se formava ao redor do veículo que estávamos e assim nos livrando de um possível linchamento ou quebra-quebra, muito comum nos anais dos chamados policiais nas rotinas dos plantões de polícia que cobrem aquela área.

Em determinado momento parecia que estávamos assistindo a parte inicial do filme “Nosso Lar”, mais precisamente no denominado umbral espiritual apresentado aos telespectadores em geral, cujas vidas nefastas em tristezas, abandonos, descasos, ignorâncias, perversões, crueldades e demais afins oriundos de uma sociedade apática, redundante e mecanizada, ali estavam bem retratados.

Assim, para que alguém que assim o presenciasse, tivesse um pouco de sensibilidade e entendesse que existe por trás daquilo que se apresenta nas sociedades ditas contemporâneas e globalizadas, além dos quadros miseráveis de sociabilidade humana, fixado ficará que a Cracolândia é um verdadeiro umbral social brasileiro, mais precisamente a situada (em quase todas as capitais já temos assistido a existência de uma mini réplica dela)na cidade de São Paulo, onde, com certeza, seria a grande representante em nosso território nacional desse submundo de humanos que, a olhos objetivos, muitos ou milhares que por ali transitam, mas nada conseguem enxergar é que podem de maneira desumana repassar pela história social daquela cidade, e que, somente às visões subjetivas reflexivas ficariam ou ficarão com a grande missão de denunciar ao resto do país, que precisamos bem cuidar de nossas capitais ou grandes centros urbanos para que, exemplos tristes do estilo de sobrevida por que vivem naquela situação degradante não se alastrem por esse país afora.

É só não esperar e duvidar para aprender a crer e deixarmos de ver no amanhã o que facilmente ali se presencia hoje naquele centro urbano tão notário na vida grande que é a belíssima cidade de São Paulo com suas verdadeiras trilhas da formação do povo brasileiro no berço de nossa História.

2 comentários:

  1. Muito bem retratada a situação paulistana.Acredito
    que em maior ou menor grau toda essa mazela está
    espalhada pelo Brasil, guardando as devidas proporções,então, São Luis e região metropolitana
    precisa ser tratada, cuidada a esse respeito. Que
    bom que a visão do Delegado, quanto as causas dessa problemática, ao que parece coincide com a minha...resta saber as atitudes a serem tomadas,
    o "tratar o mal pela raiz", as medidas prventivas por parte do Poder Público para, a logo prazo, melhorar a realidade maranhense.

    ResponderExcluir
  2. http://freirecapitao.blogspot.com/2010/12/motivos-para-ser-motorista-de-viatura.html

    ResponderExcluir